“O ator é um narrador de uma
ação, encarnando ao mesmo tempo, seus personagens” (A arte do ator p.1). Através
desse caminho em que a história do ator perpassa podemos perceber o quanto o
ator é influenciado por arte do século XII, pela gesticulação burlesca, pela
pantomima.
No texto "A ARTE
DO ATOR" de Jean-Jacques Roubine e tradução de Yan Michalski e Rosyane
Trotta ficam bem claro isso que você diz sobre o corpo ser um caixinha de
surpresas. No trecho da página 48 "Fluido como camaleão. Homem-teatro,
como já se havia dito de Artaud, uma vez que sozinho com a ajuda apenas de
seu corpo e de sua voz, ele é um espetáculo "em cem atos
diferentes". (...) Num teatro como este, a exaltação do corpo, sua
ubiquidade, permitem uma utilização renovada e enriquecida da palavra
(...)". Às vezes, a voz que já é extensão do corpo e inserida a ele,
não se faz necessária, pois o corpo já diz por si próprio. O ator se utiliza do corpo como um
instrumento. Ele precisa se expressar e para isto existe um treinamento que é
de importância para a preparação do corpo e do ator. Porém, é preciso que
tal movimento participe da interpretação do papel, ao mesmo tempo, em leitura,
adverte para a formação do ator que, visará assegurar a autenticidade do gesto.
Para cada personagem o corpo precisa de
uma interpretação diferente. O ator tem que cuidar do ator e do personagem para
não trazer isto para seu cotidiano. A preparação corporal
do ator teatral é de suma importância pelo fato de que é por meio dele que o
ator se expressa, e é de se notar o quanto o ator vem-se preparando ao longo
dos séculos, estudando, observando e se reformulando para o ofício ator em
teatro. Percebemos que em cada época os gestos do corpo tiveram uma significação
diferenciada, e que é trabalhada de acordo com a cultura da época, passando
desde a tradição de pantomima até a expressividade do gesto, no qual os
ocidentais baseiam-se na expressividade do gesto. Wesp definiu o gesto e a
palavra dentro do teatro em três citações, o gesto de acompanhamento, o gesto
de complementação e o gesto de substituição, no qual os três se complementam em
linguagem teatral e um modo de expressão do eu profundo do personagem e ou do
ator.
Os gestos tem uma importância e depende
muito da proposta empregada ou do diretor em questão. O corpo por si só, por
vezes torna-se gesto, sem movimentos que caracterizam alguma ação. O maior
cuidado com o gesto, no formato contemporâneo é se tornar caricatura plena e
óbvia de um sentido qualquer. E realmente, o corpo necessita de preparação
constante e direcionada, pois nós que somos da arte, e o corpo na maioria é
instrumento de trabalho. Nota-se que o ator ou bailarino precisa aproximar da
sua limitação física, para realizar bons resultados e performances, mas sempre
com atenção e acompanhamento. A resistência aparece com os treinamentos.
O ator tem que ter domínio
sobre os gestos, tem que saber emprega-los no momento certo. Para isso é
preciso que haja todo um trabalho com o corpo, voz, respiração, postura,
flexibilização etc. Tem que haver uma harmonia entre as palavras e seus
sentidos e os gestos.
No
texto A arte secreta do Ator de Eugenio Barba, vemos a imagens performáticas de
vários povos nos dando ideia de como cada um se comporta diante de um gesto
dentro de uma sequência de cena. No exemplo dos romanos percebe-se uma
disciplina cênica relacionada com a interpretação da vontade divina, isso
herança herdada dos etruscos. Os indianos trabalham com os arcos, dando a
sensação de graça e leveza. Na página 184 a 185 vemos o trabalho com a oposição
em que a clareza e o rigor de um trabalho para o ator têm como objetivo
descobrir regras de movimento sob a luz do que percebido pelo espectador. Na
página 187 e 188 fala sobre a pré-expressividade que é um conceito da
Antropologia Teatral e segundo Barba, o nível pré-expressivo diz respeito à
presença física do ator e por isso, ele se contrapõe com o nível expressivo,
quer dizer: ele existe antes deste. O nível pré-expressivo, é um nível
operativo, onde vai dar possibilidade ao ator de se expressar, de trabalhar sua
presença, energia, uma coisa não é desconectada da outra.
Dentro
do nível pré-expressivo há o que é chamado de oposição, que estuda acerca do movimento, dos gestos, das
ações físicas e das partituras que construímos durante todo o dia, quer seja
consciente ou inconsciente ou subconsciente. O trabalho psíquico-corpóreo do
profissional da arte quer seja em especial ator e professor de
teatro, fundamentam bases de investigação e de pesquisas e consolidam
resultados de processos de trabalhos artísticos e entrega por completo aos
mesmos.
Contudo isso, expressões da arte
de atuar, com o corpo em cena, e quando pensamos em simetrias e assimetrias do
corpo que fala em virtude genuína desses parâmetros de dialética que se
constroem e desconstroem constantemente. O elo dessa linha imaginária é
sustentado de origem pelos orientais que dominam vorazmente princípios e
técnicas específicas. O papel dinâmico do ator na sociedade refere-se
diretamente em repensar ações extra cotidianas e fazê-la refletir nas
consequências delas. A estética, a metodologia e o perfil desses conflitos
geram definições de linhas tênues das tão famosas propostas de trabalhos
artísticos. O texto disponibilizado nesta semana "A Arte Secreta
do Ator" de Nicola Savarese e Eugênio Barba p. 184 pontua que "O ator desenvolve
resistência criando oposições: essa resistência aumenta a densidade de
cada movimento, dá ao movimento uma maior intensidade energética e tônus
muscular. Mas, a amplificação também ocorre no espaço. Por meio da dilatação no
espaço, a atenção do espectador é direcionada e focalizada e, ao mesmo tempo, a
ação dinâmica do ator torna-se compreensível." Diz muito esse
trecho e amplia ainda mais os níveis de exploração da área em questão. O
rompimento de determinada ação explorada transgride e elucida caminhos de
questionamentos do ser humano.
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