Matteo Bonfitto
Resenha
Por Vilma de Jesus Marinho
Matteo Bonfitto em suas
reflexões em “Do texto ao contexto”,
apresenta o ator pós-dramático em suas potências e técnicas expressivas dentre
o teatro dramático, a dança, o circo, o teatro musical, entre outros.
O autor apresenta reflexões
que nos faz tomar conhecimento sobre o que é esse ator através de suas
observações. Percebe-se que para ele, o objeto observado é amplo, e sua
existência dentro de um conjunto de manifestações expressivas teatrais são
elementos que o caracterizam de ator pós-dramático.
Dentre suas buscas, está
Hans-Thies Lehmann que trás instrumentos importantes para algumas de suas
definições, uma delas é a fronteira entre o teatro e a performance. Analisando os
processos e os elementos de atuação, e que há uma sobreposição dentro de esse
fazer teatro, por outro lado, o ator
pós-dramático é aquele que trabalha em conjunto, de modo que o canto, a dança, a
atuação e a composição torna-se uma visão que estão sempre em contato, isso o
ator em diferentes tipos de atuação, mas é criado a partir de um processo de
improvisação, no qual o ator tem como referencial o processo de atuar.
Ainda há o que denominou de
presentação e representação, que são definições para compreensão do objeto
observado, só caso, os processos de atuação do ator pós-dramático. Isso se deu
pela [...] função de matriz geradora nos signos teatrais. Vejo aqui, que mesmo
sem um texto como parte de um processo de encenação, o ator está preparado para
montar uma performance. Pois o mesmo tem um processo de improviso diante de
situações a partir de uma referência.
A referência desse ator está
composta num grau de reconhecimento reflexivo. Em um trecho de seu texto [...]
os processos e procedimentos que não são imediatamente reconhecíveis como
patrimônio de códigos e convenções culturais, os quais comportam, [...] um grau
de significativo de “auto-referencialidade”, [...] me faz pensar que há um
material utilizado que está muito próximo de representação, mas que a
utilização de um texto escrito, é por vezes, apenas para ter um embasamento do
que quer para montar uma performance e que é transmitido através do uso de
códigos, aonde o espectador vem decifrando ao logo da encenação, ao qual esse
ator deixa transparecer ao público o que ele quer transmitir.
Assim, ele (ator pós-dramático)
utiliza de códigos e elementos em um alto grau de referência em seus modos de
articulação. Do ponto de vista de Matteo Bonfitto há um deslocamento
significativo e reconhecível dentro de um ponto de ataque. Temos que concordar
com o autor, pois se percebe que para a atuação há sim um ponto de ataque, que
ao ver poder-se-ia pensar nos processos de atuação, em que ultrapassa situações
de ilustração ou de circunstâncias que são colocadas em evidência à
corporeidade e as qualidades expressivas.
Para tanto é perceptível que
dentro das partituras de ações existe um significado e uma produção de sentido,
justificando e preenchendo as suas próprias ações dentro da encenação teatral
no pós-moderno.
Ainda é relevante de se
destacar a identidade do ato com os próprios materiais de atuação, que dentro
da presentação é um eixo do como fazer, e não o que fazer. Noto que, esses
materiais são justapostos para dar uma sequência na narrativa teatral, e as
práticas do ator não deve ser somente a existência do personagem, em função de
um actante ou de um ficcional.
Concluindo, farei uso do que
vi e li de uma colega, “o teatro
pós-dramático é a consciência do fato de que o ato teatral que se configura
enquanto acontecimento”, mas que Matteo Bonfitto explicita muito bem, quando
diz que “[...] o horizonte de elementos que caracteriza o ator pós-dramático é
amplo”, e que por vezes nos dá um susto, pois faz de mim, que sou uma
espectadora refletir e causar e vê que a priori
dita por ele é realmente presentação e representação, no qual [...] poderíamos
pensar que, de qualquer forma, a utilização de um texto, criado a priori ou não
aumentaria o grau de referencialidade do fenômeno teatral, aproximando-o
necessariamente da esfera de representação, e que são ações bem próximas do
cotidiano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário