sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Resenha - Do Texto ao contexto

Matteo Bonfitto

Resenha
Por Vilma de Jesus Marinho

Matteo Bonfitto em suas reflexões em “Do texto ao contexto”, apresenta o ator pós-dramático em suas potências e técnicas expressivas dentre o teatro dramático, a dança, o circo, o teatro musical, entre outros.
O autor apresenta reflexões que nos faz tomar conhecimento sobre o que é esse ator através de suas observações. Percebe-se que para ele, o objeto observado é amplo, e sua existência dentro de um conjunto de manifestações expressivas teatrais são elementos que o caracterizam de ator pós-dramático.
Dentre suas buscas, está Hans-Thies Lehmann que trás instrumentos importantes para algumas de suas definições, uma delas é a fronteira entre o teatro e a performance. Analisando os processos e os elementos de atuação, e que há uma sobreposição dentro de esse fazer teatro, por outro lado, o ator pós-dramático é aquele que trabalha em conjunto, de modo que o canto, a dança, a atuação e a composição torna-se uma visão que estão sempre em contato, isso o ator em diferentes tipos de atuação, mas é criado a partir de um processo de improvisação, no qual o ator tem como referencial o processo de atuar.
Ainda há o que denominou de presentação e representação, que são definições para compreensão do objeto observado, só caso, os processos de atuação do ator pós-dramático. Isso se deu pela [...] função de matriz geradora nos signos teatrais. Vejo aqui, que mesmo sem um texto como parte de um processo de encenação, o ator está preparado para montar uma performance. Pois o mesmo tem um processo de improviso diante de situações a partir de uma referência.
A referência desse ator está composta num grau de reconhecimento reflexivo. Em um trecho de seu texto [...] os processos e procedimentos que não são imediatamente reconhecíveis como patrimônio de códigos e convenções culturais, os quais comportam, [...] um grau de significativo de “auto-referencialidade”, [...] me faz pensar que há um material utilizado que está muito próximo de representação, mas que a utilização de um texto escrito, é por vezes, apenas para ter um embasamento do que quer para montar uma performance e que é transmitido através do uso de códigos, aonde o espectador vem decifrando ao logo da encenação, ao qual esse ator deixa transparecer ao público o que ele quer transmitir.
Assim, ele (ator pós-dramático) utiliza de códigos e elementos em um alto grau de referência em seus modos de articulação. Do ponto de vista de Matteo Bonfitto há um deslocamento significativo e reconhecível dentro de um ponto de ataque. Temos que concordar com o autor, pois se percebe que para a atuação há sim um ponto de ataque, que ao ver poder-se-ia pensar nos processos de atuação, em que ultrapassa situações de ilustração ou de circunstâncias que são colocadas em evidência à corporeidade e as qualidades expressivas.
Para tanto é perceptível que dentro das partituras de ações existe um significado e uma produção de sentido, justificando e preenchendo as suas próprias ações dentro da encenação teatral no pós-moderno. 
Ainda é relevante de se destacar a identidade do ato com os próprios materiais de atuação, que dentro da presentação é um eixo do como fazer, e não o que fazer. Noto que, esses materiais são justapostos para dar uma sequência na narrativa teatral, e as práticas do ator não deve ser somente a existência do personagem, em função de um actante ou de um ficcional.
Concluindo, farei uso do que vi e li de uma colega, “o teatro pós-dramático é a consciência do fato de que o ato teatral que se configura enquanto acontecimento”, mas que Matteo Bonfitto explicita muito bem, quando diz que “[...] o horizonte de elementos que caracteriza o ator pós-dramático é amplo”, e que por vezes nos dá um susto, pois faz de mim, que sou uma espectadora refletir e causar e vê que a priori dita por ele é realmente presentação e representação, no qual [...] poderíamos pensar que, de qualquer forma, a utilização de um texto, criado a priori ou não aumentaria o grau de referencialidade do fenômeno teatral, aproximando-o necessariamente da esfera de representação, e que são ações bem próximas do cotidiano.

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